Não
há solução para os problemas
sociais e econômicos sem o concurso das virtudes
morais e religiosas |
A questão social é
antes moral e religiosa, que econômica.
Encíclica Graves de Communi de 18 de janeiro
de 1901:
“Propositadamente
fizemos menção dos deveres que impõe
a prática das virtudes e da religião. Efetivamente,
alguns professam a opinião, assaz vulgarizada,
de que a ‘questão social’, como se
diz, é somente ‘econômica’; ao
contrário, porém, a verdade é que
ela é principalmente moral e religiosa, e, por
este mesmo motivo, deve ser sobretudo resolvida em conformidade
com a lei moral e o juízo da religião”.
[Documentos
Pontifícios, Vozes, Petrópolis, fasc. 18,
3a ed., 1956, p. 10]
A questão social é,
no seu sentido mais profundo, uma questão religiosa.
Discurso de 12 de setembro de 1948, por ocasião
do 80o aniversário da Juventude Italiana da Ação
Católica:
“A questão social, diletos filhos, é
sem dúvida também uma questão econômica,
mas é muito mais uma questão que diz respeito
à regulação ordenada do consórcio
humano, e, no seu mais profundo sentido, uma questão
moral e portanto religiosa”.
[Discorsi e Radiomessaggi di Sua Santità Pio XII,
vol. X, p. 210]
O gravíssimo
dever da ajuda aos necessitados.
Encíclica Quod Apostolici Muneris de 28
de dezembro de 1878:
“[A
Igreja] impõe como rigoroso dever aos ricos dar
o supérfluo aos pobres e ameaça-os com o
juízo de Deus que os condenará aos suplícios
eternos, se não acudirem às necessidades
dos indigentes”.
[Documentos Pontifícios, Vozes, Petrópolis,
fasc. 17, 4a ed., 1962, p. 13]
Ninguém é
obrigado a aliviar o próximo privando-se do necessário
e do conveniente ao próprio decoro, e ao de sua
família.
Encíclica Rerum Novarum de 15 de maio
de 1891:
“Agora,
se se pergunta em que é necessário fazer
consistir o uso dos bens, a Igreja responderá sem
hesitação: ‘A esse respeito o homem
não deve ter as coisas exteriores por particulares,
mas sim por comuns, de tal sorte que facilmente dê
parte delas aos outros nas suas necessidades. É
por isso que o Apóstolo disse: ‘Ordena aos
ricos do século... dar facilmente, comunicar as
suas riquezas’ (Santo Tomás, II-II, q. 66,
a. 2). Ninguém certamente é obrigado a aliviar
o próximo privando-se do seu necessário
ou do de sua família; nem mesmo a nada suprimir
do que as conveniências ou decência impõe
à sua pessoa: ‘Ninguém com efeito
deve viver contrariamente às conveniências’
(Santo Tomás, II-II, q. 32, a. 6). Mas, desde que
haja suficientemente satisfeito à necessidade e
ao decoro, é um dever lançar o supérfluo
no seio dos pobres: ‘Do supérfluo dai esmolas’
(Lc. 11, 41). É um dever, não de estrita
justiça, exceto nos casos de extrema necessidade,
mas de caridade cristã, um dever, por conseqüência,
cujo cumprimento se não pode conseguir pelas vias
da justiça humana. Mas, acima dos juízos
do homem e das leis, há a lei e o juízo
de Jesus Cristo nosso Deus, que nos persuade de todas
as maneiras a dar habitualmente esmola”.
[Documentos
Pontifícios, Vozes, Petrópolis, fasc. 2,
6a ed., 1961, pp. 16]
Não se fale de reivindicação
e de justiça, quando se trate de simples caridade.
Motu Próprio Fin dalla prima de 18 de
dezembro de 1903, sobre a Ação Popular Católica:
“Os escritores católicos, ao defender a causa
dos proletários e dos pobres, devem abster-se de
palavras e frases que poderiam inspirar ao povo a aversão
pelas classes superiores da sociedade. Não se fale,
pois, de reivindicação e de justiça,
quando se trate de simples caridade... Recordem que Jesus
Cristo quis reunir todos os homens pelos laços
do amor mútuo, que é a perfeição
da justiça e inclui a obrigação de
trabalhar para o bem recíproco”.
[Actes de S.S. Pie X, Bonne Presse, Paris, tomo I, p.
111]
O espírito de fraternidade
e caridade cristãs é o único que
pode assegurar a colaboração entre as classes.
Carta Apostólica Con singular complacência
de 18 de janeiro de 1939, ao Episcopado das Filipinas,
sobre a Ação Católica:
“A
sua própria situação [dos operários
urbanos e rurais] os expõe a serem mais facilmente
penetráveis por aquelas doutrinas que se dizem,
é certo, inspiradas no bem do operário e
dos humildes em geral, mas que estão prenhes de
erros funestos, de vez que combatem a fé cristã,
que assegura as bases do direito e da justiça social,
e recusam o espírito de fraternidade e caridade
inculcado pelo Evangelho, o único que pode garantir
uma sincera colaboração entre as classes.
De outra parte, tais doutrinas comunistas, fundadas no
puro materialismo e na cobiça desenfreada de bens
terrenos, como se eles fossem capazes de satisfazer plenamente
o homem; e porque prescindem absolutamente do seu fim
ultraterreno, mostraram-se, na prática, cheias
de ilusões e incapazes de dar ao trabalhador um
verdadeiro e durável bem-estar material e espiritual”.
[Documentos
Pontifícios, Vozes, Petrópolis, fasc. 40,
2a ed., 1951, pp. 15]
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